Author: Maíra
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Resiliência é a capacidade concreta de retornar ao estado natural de excelência, superando uma situação crítica. Segundo dicionário Aurélio, é "a propriedade de pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de tal de formação elástica”.

Resiliência é um termo ainda pouco conhecido. Na verdade, este é um conceito da Física e da Mecânica para definir materiais com “capacidade de retomar a forma original após ser encurvado, comprimido, esticado”. É como a mola que após ser comprimida, primeiro se expande e depois volta à sua forma original. Ou como o bambu que se dobra com a ventania, porém não se quebra. A vara do salto em altura também se enverga ao máximo sem quebrar e ainda armazena energia para lançar o atleta para o alto. A idéia de resiliência pode ser comparada às modificações da forma de uma bexiga parcialmente inflada. Se comprimida, pode adquirir as formas mais diversas e em seguida retorna ao estado inicial.


A nível psicológico, o termo Resiliência significa a capacidade humana de superar tudo, tirando proveito dos sofrimentos, inerentes às dificuldades. “A capacidade de resiliência explica o porquê algumas pessoas que sofrem situações dolorosas, ao invés de se tornarem apáticas, revoltadas ou agressivas, conseguem superar as adversidades e se convertem em pessoas ainda melhores e mais saudáveis.”, define a Dra. Ceres Araújo, psicóloga e professora da PUC-SP.
Esse conceito é trabalhado em todas as áreas como saúde, finanças, indústria, sociologia, e psicologia. Embora seja um assunto muito recente entre nós, já é trabalhado à anos na América do Norte, com sucesso.

“ É A ARTE DE TRANSFORMAR TODA ENERGIADE UM PROBLEMA EM UMA SOLUÇÃO CRIATIVA”
GRAPEIA/2004

Segundo o poeta chinês Bai Juyi (803 DC), as qualidades do bambu são um exemplo de comportamento humano superior: diante da tempestade, o bambu se curva, mas não se parte, retornando à forma anterior após passada a tormenta. Um símbolo de resiliência. Seu caule oco representa a mente aberta. Ou seja, para desenvolver resiliência é fundamental estar aberto a mudanças de comportamento.

O equilíbrio humano é como a estrutura de um prédio, se a pressão for maior que a resistência, aparecerão rachaduras como doenças psicossomáticas que se manifestam nos indivíduos que não possuem esta característica ex: gastrite entre outras.

O ser humano resiliente desenvolve a capacidade de se recuperar ,e de moldar– se novamente a cada obstáculo e a cada desafio. Essas pessoas recuperam-se e se moldam a cada “deformação” (obstáculo) situacional.

Quando mais resiliente for o indivíduo maior será o desenvolvimento pessoal, isso torna uma pessoa mais motivada e com capacidade de contornar situações que apresentem maior grau de tensão.

Um indivíduo submetido a situações de estresse que tem a capacidade de superá-las sem lesões mais severas (“rachaduras”) é um resiliente. Já a pessoa que não possui este perfil é o chamado "homem de vidro", que se "quebra" ao ser submetido às pressões e situações estressantes.

Se sabemos que esta capacidade existe nos seres humanos, por quê nos parece algumas vezes tão difícil acessá-la dentro de nós? Diante de uma situação de profunda dor, decepção ou perda, achamos que não vai ser possível enfrentar. É aquela sensação de sentir-se derrotado, deprimido, como se por dentro estivéssemos sangrando. Algo se rompeu e parece que nunca mais seremos os mesmos. Como lidar com estes revezes sem nos tornarmos pessoas amargas ou até revoltadas com a vida?

Em primeiro lugar, a aceitação. Aceitar que o caminhar pela vida não é muitas vezes andar pelo caminho reto e asfaltado. Nos deparamos frequentemente com pistas estreitas de mão dupla, não asfaltadas, subidas íngremes, buracos e obstáculos pela frente, um verdadeiro rally. Saber que dificuldades e mudanças inesperadas são oportunidades de crescimento nos coloca num outro ângulo de como encarar dificuldades.Aceitação, no entanto, não significa passividade. Diante do inesperado, é preciso encontrar forças para agir. Isso não quer dizer que não podemos ficar tristes ou sentir medo. Todos nós temos nossas fragilidades, toda mudança provoca em nós uma rejeição em primeira instância. Mudanças e adversidades geram insegurança, medo e desejo de manter tudo como está. Mas a vida nos pede mais, nos pede para sair da nossa zona de conforto para ativar dentro de nós uma força extra, talvez ainda desconhecida, que nos pede para lutar contra nossos medos e inseguranças para o nosso próprio crescimento.Fingir que um problema não existe não vai resolvê-lo; ignorá-lo vai torná-lo cada vez maior, por isso a necessidade de sairmos da tentação de ficarmos parados ou fingir que nada está acontecendo e partirmos para o enfrentamento, sabendo agir com ética e consciência do que é esperado de nós.

Existe dois tipos de indivíduos, aqueles que nascem e os que se tornam resiliêntes.Todos nós podemos nos tornar resiliêntes.
A psicologia já tem estudos para saber que a resiliência pode ser desenvolvida, ou seja, não é privilégio de alguns ter nascido com essa habilidade para lidar com dificuldades, enquanto outros sofrem e se desesperam diante de certas situações. E quais seriam as formas de desenvolver resiliência?Pretel Job estudou testemunhas do holocausto e descreveu algumas características comuns às pessoas resilientes. Uma das principais características é a auto-estima. Quando temos consciência do nosso valor como pessoa, tudo fica mais fácil. Saber quais são nossas qualidades (e limitações), acreditar na nossa capacidade como indivíduos, independentemente de posses materiais, é ter boa auto-estima.Além da auto-estima, existem outras qualidades que podemos desenvolver para sermos mais resilientes.
Seguem algumas dicas:

• Exercitar o bom-humor: buscar o contentamento, alegria e bom-humor fazem bem à alma, à mente e ao corpo. Entrar em contato com a alegria não é uma tarefa fácil em tempos de crise, por isso a necessidade de exercitá-la. Você pode achar estranho pensar em contentamento quando estamos sofrendo, mas filosofias orientais nos ensinam que não é necessário “somar sofrimentos”, ou seja, não resolve estarmos tristes o tempo todo porque estamos passando por dificuldades. Apurar o senso de humor desarma os pessimistas;

• Ter amigos: recorrer a um amigo com quem podemos conversar, desabafar e contar o que se passa conosco;

• Ter hobbies: pintar, escrever, fotografar, fazer parte de um grupo social;

• Mentalizar seu projeto de vida, mesmo que não possa ser colocado em prática imediatamente. Sonhar com seu projeto é confortante e reduz a ansiedade;

• Aprender com a prática, refletir sobre as situações;

• Ter flexibilidade e criatividade;

• Aproveitar parte do tempo para ampliar conhecimentos: isso aumenta a auto-confiança;

• Assumir riscos (ter coragem);

• Acreditar no sentido da vida: seja através de alguma crença religiosa ou simplesmente acreditar que existe uma Inteligência Superior que rege o Universo;

• Aprender e adotar métodos práticos de relaxamento e meditação;

• Praticar esporte para aumentar o ânimo e a disposição. Os exercícios aumentam endorfinas e testosterona que, conseqüentemente, proporcionam sensação de bem-estar;

• Procurar manter o lar em harmonia, pois este é o "ponto de apoio para recuperar-se";

• Aproveitar parte do tempo para ampliar os conhecimentos, pois isso aumenta a autoconfiança;

• Transformar-se em um otimista incurável, visualizando sempre um futuro bom;

• Tornar-se um "sobrevivente" repleto de recursos;

• Usar a criatividade para quebrar a rotina;

Permitir-se sentir dor, recuar e, às vezes, enfraquecer para em seguida retornar ao estado original.


O auto-conhecimento é um grande aliado quando se trata de superação e enfrentamento. Conhecer nossas capacidades nos ajuda a encontrar forças internas para lutar. Conhecer nossas limitações é importante para sabermos quando pedir ajuda, inclusive um ombro amigo para desabafar e chorar, sem é claro, esperar dos outros que resolvam por nós nossas questões.O palestrante Tom Coelho, escrevendo sobre resiliência diz :” Nós apreciamos o calor porque já sentimos frio. Apreciamos a luz porque já estivemos no escuro. Apreciamos a saúde porque já fomos enfermos. Podemos, pois, experimentar a felicidade porque já conhecemos a tristeza.”

A resiliência consiste no equilíbrio entre a tensão e a habilidade de lutar, de atingir outro nível de consciência, que nos traz uma mudança de comportamento e a capacidade de lidar com os obstáculos da vida pessoal e profissional.

Aprendamos e sejamos RESILIÊNTES, pois a vida pede!

E pra fechar com chave de ouro, um poema sobre Resiliência:

Algumas flores

Teimam em viver
Apesar do peso
Apesar da morte
Apesar de algumas que teimam em morrer
Apesar de tudo

(Alice Ruiz)


Abraço a todos.

Maíra.

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